segunda-feira, 28 de julho de 2014

Organização da Unidade Africana

08:05 Posted by Unknown No comments
por João Samper

“A independência de cada um de nossos países só estará completa quando toda a África for livre”, declaração do presidente de Gana, Kwame Nkrumah na abertura da conferência para a criação da Organização da Unidade Africana, realizada em 1963. Kwame foi um dos principais líderes do movimento pan-africano e tinha um sonho – unificar todo o continente.


(Foto de Kwame Nkrumah)

Durante a Segunda Guerra Mundial, movimentos políticos e sociais como o Quit India, liderado por Mahatma Gandhi e o Exército Nacional Indiano, liderado por Netaji Subhas Chandra Bose se fortaleceram na luta pela independência britânica da Índia, até que em 1947, com o fim da grande guerra foram criados os Estados independentes da Índia e do Paquistão. O mesmo processo aconteceu na Palestina, com a saída dos ingleses da região e a criação da Síria Palestina, que em seguida seria dividida com o Estado de Israel. Com o colapso dos dois grandes impérios coloniais, França e Grã-Bretanha, e a ascensão do processo de libertação da Índia, Paquistão e Palestina, a libertação dos países africanos tornou-se inexorável. O primeiro país da África negra a conquistar a tão sonhada independência foi Gana, em 1957, localizada na Costa do Ouro.


(Mapa da África Colonial)

Ao final da conferência realizada em Adis Abeba na Etiópia, 30 representantes das nações africanas recém independentes, anunciaram a formação de um comitê pela liberdade da África com sede em Dar-Es Salaam, na futura Tanzânia (estado formado a partir da união da Tanganica e Zunzibar). O comitê foi criado com a finalidade de arrecadar meios para equipar um exército de libertação capaz de expulsar as forças estrangeiras que ainda ocupavam e oprimiam o solo africano, tais como: Angola, Moçambique, Rodésia, etc.
Porém, o fim do colonialismo não significou o início de uma África coesa em torno de objetivos em comum. O mundo vivia o auge da Guerra Fria e as terras africanas receberiam a influência das ideologias socialista e capitalista que contribuiriam para fortalecer antigas rivalidades entre povos do continente formado por cerca de 1000 línguas e 800 etnias, muitas das quais compartilhavam do mesmo território e eram inimigas históricas. O legado colonial criou dentro da África fronteiras artificiais e nenhuma formação técnico científica, além de uma economia totalmente dependente da metrópole.


(A placa indica que o espaço é destinado apenas a pessoas brancas durante o Apartheid na África do Sul, legado dos brancos após independência. Mais um desafio a ser superado pelos povos africanos.)

Em 2002, a Organização da Unidade Africana foi substituída pela União Africana, criada aos moldes da União Europeia, que tem como objetivo fortalecer a economia dos países africanos e incentivar investimentos estrangeiros no continente.


 (Logo da União Africana. Site: http://www.au.int/en/)


sexta-feira, 11 de julho de 2014

A Guerra Civil Espanhola

Por João Samper

No dia 17 de julho de 1936, tinha início a insurreição da guarnição militar do Marrocos, sob o comando do General Francisco Franco que se rebelava contra o legítimo governo da República da Espanha. Eram as forças conservadoras da Velha Espanha, que através de um golpe de força, buscavam derrubar do poder a Frente Popular Republicana. Desta forma tinha início uma guerra civil que, por quase três anos iria dilacerar a nação, que foi dividida em duas: de um lado as forças conservadoras, nacionalistas e monarquistas que controlavam: León, Aragão Oc., Navarra, Castela, Galícia e Andaluzia e do outro lado as forças republicanas que dominavam Madri, a Catalunha, País Basco, Aragão Oriental e Astúrias.



Enquanto o governo se debatia entre as várias tendências que compunham os seus integrantes (anarquistas, comunistas, socialistas), os golpistas caminhavam cada vez mais unidos em torno da figura do General Franco e da sua "cruzada" em defesa da fé católica e contra as reformas socializantes da Frente Popular. Desde o primeiro momento, os nacionalistas contaram com o apoio de aviões e transportes fornecidos pela Alemanha Nazista, que logo em seguida e sob ordens expressas de Adolf Hitler criam a Legião Condor, um corpo de aviação composto por aviões e pilotos alemães que se destacaria pela inovação em táticas de combate, assim como, o bombardeio de cidades, a mais famosa delas, Guernica, no País Basco, imortalizada pelo pintor Pablo Picasso em um mural de 3,5 m x 7,8 m, retratando o horror do ataque. 





Benito Mussolini, desejando aumentar sua influência no Mar Mediterrâneo, enviou 80.000 tropas equipadas com veículos blindados. Por sua vez, a União Soviética enviou cerca de 1.000 aviões, instrutores, artilharia, etc para apoiar o lado republicano e assim aumentar a sua influência sobre o Partido Comunista Espanhol. Desta forma, cada lado aproveitou para testar novas armas e táticas de guerra que seriam usadas logo em seguida na Segunda Guerra Mundial, transformando a Espanha num laboratório vivo de jogos de guerra.




Também participaram do conflito as famosas Brigadas Internacionais formadas por voluntários de cinquenta nações, que fazem questão de colocar em risco as próprias vidas para defender as ideias da democracia e de justiça social. Em suas fileiras estavam inúmeros intelectuais e idealistas que faziam questão de lutar contra o avanço das forças nazi-fascistas. A Guerra Civil Espanhola foi um grande embate entre duas ideologias; uma luta de titãs que defendem valores de vida antagônicos. 

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Queijadinha, Pêssego em Calda e Napoleão





Você deve estar se perguntando o que esses dois alimentos em conserva e o grande conquistador Napoleão Bonaparte estão fazendo na mesma frase, mas o que poucas pessoas sabem é que os tradicionais doces em conserva e muitos dos produtos que consumimos no mercado, certamente não existiriam sem o incentivo do lendário imperador francês.
Napoleão é muito conhecido por suas táticas de guerra, grandes batalhas e extraordinária capacidade de liderança. Entre os anos de 1804 e 1815, quando comandou o Império Francês, conquistou territórios onde atualmente estão França, Espanha, Suíça, Itália, Áustria, Alemanha, Bélgica e Holanda. Mas para que fosse possível movimentar grandes contingentes de soldados e progredir com a expansão para territórios distantes, mais do que grande poderio militar e liderança, Napoleão precisava de comida para alimentar sua tropa, segundo ele “Os exércitos marcham pelo estômago” e por isso, em 1809, promoveu um concurso que premiaria aquele que fosse capaz de desenvolver uma técnica de conservação de alimentos por longos dias.
O vencedor foi o francês Nicollas Apert, que recebeu 12 mil francos pela inovação que consistia na conservação de alimentos aquecidos em potes de vidros fechados com tampa de cortiça. Somente em 1810, a técnica foi aprimorada para a conservação em latas de estanho no Reino Unido. A técnica de armazenamento de comida em latas seria usada ainda para alimentar as tropas da Primeira Guerra Mundial, da Guerra Civil Americana e da Segunda Guerra Mundial. Atualmente, a técnica de conservação de alimentos do exército brasileiro e de outros consiste em comida desidratada.
Mas comida é arte e nem só de guerra se faz o avanço tecnológico. Em 1962, o artista ícone da Pop Art, Andy Warhol, criou os históricos quadros com o design de 32 latas de Sopa Campbell, muito comercializadas na época, utilizando uma técnica inovadora que não usava pincel, que o eternizou para a história e o levou à sua primeira exposição em Nova York. Agora você já sabe que desde os deliciosos doces em conserva da casa da vovó, passando pelos potes de mostarda e chegando às exposições dos grandes museus de arte moderna, tudo tem origem na necessidade de Napoleão alimentar suas tropas. Os rincões de Minas Gerais agradecem.